Certas experiências não podemos perder a oportunidade de compartilhar.
Ouvi uma história essa semana que gostaria de reproduzir aqui, propondo uma reflexão.
Em uma escola de São Paulo, um casal matriculou seu filho de 5 anos portador de necessidades especiais.
O filho tinha uma doença degenerativa e, portanto, possuía limitações em seus movimentos, utilizando-se de uma cadeira de rodas para se locomover.
Após alguns meses, o casal recebeu uma convocação da escola para comparecer a uma reunião com a coordenação.
Nesta reunião, os pais foram informados que professores estavam preocupados com o rendimento da turma em relação ao cumprimento do conteúdo programático. Havia relatos de que as limitações do garoto proporcionavam um atraso na educação dos demais colegas.
No entanto, antes de solicitar a retirada do menino, os diretores da escola preferiram contratar uma socióloga para analisar a situação.
Durante os estudos, a profissional entrevistou os professores que afirmavam haver enormes dificuldades em manter a ordem na sala, haja vista a necessidade de se dedicarem ao aluno especial.
Além de limitações de movimentos, o garoto tinha dificuldade para falar e sua educação tinha que ser algo bastante particular.
Depois de entrevistar professores, a socióloga resolveu entrevistar os coleguinhas de turma.
Perguntados sobre as dificuldades do amiguinho, os alunos respondiam que ele falava meio enrolado, mas que era só prestar bem atenção que ficava fácil entender e quando não entendiam perguntavam e ele repetia.
Um dos amiguinhos disse que o colega tinha que ser levado para o pátio na hora do intervalo e que eles revezavam nessa tarefa.
Interessante que, baseada nos relatos dos professores, a socióloga descobriu que o menino tinha "ataques" de euforia durante a aula e que nesse momento a aula era paralisada pelo professor.
Entrevistados sobre tal "ataque" os amiguinhos disseram que era fome, que era só dar-lhe o lanche que ele logo parava com os "ataques" e ficava contente novamente.
Para surpresa da socióloga, os alunos disseram que o rapaz era o primeiro a ser escolhido na hora do futebol, isto porque ele era o melhor goleiro da escola, já que utilizava sua cadeira de rodas para "fechar" o gol.
Durante a entrevista com os alunos, a socióloga pôde notar que eles aprendiam muito mais com aquela convivência do que com as matérias dadas pelos professores.
Percebeu que o atraso no cronograma das aulas era um problema muito pequeno perto daquela experiência inclusiva pela qual aquelas crianças estavam passando.
Enquanto os professores, educados sem qualquer preocupação inclusiva, tinham enormes dificuldades para ministrar suas aulas e lidar com a situação, os alunos, na faixa de cinco anos de idade, davam uma verdadeira aula sobre a convivência com as diferenças.
Essa história demonstra a necessidade de uma reflexão sobre educação inclusiva e nos faz concluir que não aprendemos a lidar com as diferenças porque não convivemos com elas, como essas crianças conviveram.
A educação inclusiva é muito mais do que uma forma de defesa dos direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais, é a defesa de um direito de todos. Todos nós temos direito a essa lição de vida!
Um comentário:
Muito bom Professor!
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