Que
momento vivemos no país!
Não
quero aqui colocar a culpa no governo ou qualquer autoridade pelas mazelas
sempre ocorrentes e nada inéditas no país.
O
que causa perplexidade não é só o governo tomando atitudes populistas, antidemocráticas,
nem mesmo a promiscuidade da relação entre o Congresso e o Executivo. Há alguma
novidade nisso?
O
que assusta é a falta de oposição e a apatia popular diante de tudo isso.
Os
partidos que se dizem oposição não exerceram fiscalização, simplesmente “se
dizem” contra o governo, mas se escondem atrás de seus próprios interesses.
O
governo, sabedor disso, utiliza de sua posição para manter a situação “sob
controle”.
Mas
se o “esquema” de governo repete práticas antigas que, inclusive, eram condenadas
pelos próprios membros do atual governo. Cadê a oposição?
Onde
estão os parlamentares de oposição para apontarem com clareza todo esse
“esquema”?
Acho
que estão no poder. As vozes mais
ferozes e corajosas estão deitadas em berço esplêndido, caladas, esquecidas!
A
oposição de outrora “aprendeu” a governar, enquanto os ex-governistas não sabem
ser oposição.
A
oposição que hoje governa era tida como “oposição por oposição”, ou seja, “onde
há governo, sou contra”, mas quando se tornou governo, foi incondicionalmente
governo.
Nada
mais justo do que reconhecer que a oposição que gritava por tudo prestava um
serviço à democracia, tanto que chegaram ao poder.
A
sutileza nunca foi característica daquele grupo que se aproximou da sociedade
empunhando bandeiras como ética, moral e justiça social.
A
sociedade foi aos poucos se sentindo representada naquela voz rouca que ecoava
e denunciava a podridão dos corredores do Congresso Nacional.
E
quem era governo naquela época?
Os
governistas daquele tempo não deram ouvidos a esses gritos, limitaram-se a
chamá-los de comunistas. Pregaram o medo, medo este que foi capaz de adiar a
chegada dessas vozes ao poder.
Não
criaram uma liderança capaz de falar a mesma língua do povo. Perderam o poder.
Mas
o que fizeram depois disso? Calaram-se...
Foram
capazes de assistir à condenação de mensaleiros da alta cúpula do governo sem
sequer expor à população essa ligação íntima.
A
população não soube associar as coisas.
A popularidade do governo cresce a cada dia.
Tudo
aponta para o cumprimento de um projeto de poder de décadas!
A
condenação do governo só se concretiza através do voto. Essa tarefa é das urnas
eletrônicas.
Como
é duro dizer isso!
Apenas
entendo que uma parcela muito grande da culpa pela ocorrência de práticas
mensaleiras é da oposição. Ela inexiste, é uma falácia, uma farsa tão grande
quanto o governo democrático que aí está.
O
governo tem a capacidade de aumentar sua popularidade mesmo diante de uma crise
político-financeira, mas a oposição não tem a mesma capacidade para levantar
sua voz.
Nem
mesmo as manifestações do ano passado foram capazes de promover a ligação entre
opositores e manifestantes. Estes
recusaram a presença de bandeiras partidárias, não acreditam mais nestas
instituições inertes.
Resultado:
as manifestações foram desacreditadas pela população diante de uma violência
gratuita e suspeita do grupo anarquista “Black Bocs”.
A
quem interessa essa violência?
Com
certeza à oposição não interessa, pois afasta o manifestante pacífico e cria um
pânico capaz de afastar pessoas de bem das ruas.
No
meio disso se criou ainda os “rolezinhos” em Shoppings, uma forma de
manifestação em instituição privada, no aconchego do ar condicionado, bem longe
das ruas e das manifestações contra o governo. Um cenário perfeito para um
jovem se dizer “sou manifestante”, quando na verdade é um fantoche manipulado
por arquitetos da política.
E
a oposição? Cadê?
Quando
Collor virou as costas para o Congresso, acreditando na separação de poderes,
contrariou seus pares e deu voz a uma oposição feroz, capaz de liderar uma
manobra que resultou em sua cassação.
Os
governos que se seguiram aprenderam com isso. Viveram o verdadeiro
presidencialismo de coalizão, mantiveram uma excelente “relação” com o
Congresso Nacional.
O
governo atual é formado por péssimos artistas. É evidente que o tino teatral do
seu grande líder não se reflete nos demais.
Mas
isso não é suficiente para agigantar a oposição a despertar a indignação de boa
parte da população, até porque o governo já “etiquetou” seus oposicionistas
como “elite”.
Quem
é a “elite”? A grande culpada por tudo.
Para
alguns são os banqueiros, os usineiros, mas para outros são todos os
empresários, a Globo e para outros a própria classe média.
Olha
só! O governo criou a seguinte
sistemática:
Diz
que defende trabalhadores e que a elite é responsável pelas mazelas do país.
E
você é trabalhador ou elite?
Lógico
que, diante dessa máxima, a pessoa se posiciona como trabalhador (quem não é?)
e tende a encontrar a “sua” elite e dessa forma alimenta o discurso governista.
Estamos
sendo separados por classes sociais! Exatamente por um governo que se diz
promovedor de justiça social.
Mas
quem vai substituir esse governo? A
oposição...mas qual se ela inexiste há anos?
Está
esperando o governo se enforcar com a própria corda, mas ainda não se deu conta
que isso dificilmente irá acontecer sem um líder.
Nossa
democracia se transformou em uma ditadura partidária e a culpa deve ser
atribuída em grande parte à oposição.
Um
dado para se pensar é que Lula foi um líder de oposição dos mais habilidosos e
demorou 13 anos para vencer uma eleição.
A
oposição de hoje tende a demorar muito mais que isso! Não tem líder. Não
existe.
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