terça-feira, 23 de abril de 2013

A deficiência do outro


                No Brasil existem cerca de 45,6 milhões de pessoas com deficiência, ou seja, 23% da população.  São deficiências das mais variadas que afloram a discussão acerca de temas como acessibilidade, políticas públicas específicas, educação inclusiva, dentre outros.

                Diante das dificuldades naturais enfrentadas no dia-a-dia, como viver em um mundo que não foi feito para o deficiente, surgem os olhares desconfiados capazes de produzir a desesperança.

                O cadeirante, que tem toda a dificuldade de ir a um shopping de ônibus, enfrentando a falta de rampas e o descaso de alguns motoristas, enfrenta ainda a discriminação e a falta de oportunidade de uma sociedade padronizada.

                O cego que tenta atravessar a rua movimentada do centro da cidade sem receber uma só oferta de ajuda das dezenas de pessoas ao seu redor. Falta-lhe apenas um ombro para que possa se guiar por míseros dez metros de asfalto.

                A deficiência, aos olhos de quem não a tem, muitas vezes é vista como incapacidade absoluta, dignas de dó, tornando as pessoas infelizes!

                A história mostra que as pessoas com deficiência eram “descartadas” ao nascerem, não serviam para nada.  Alguns que carregavam um pouco de “humanidade” justificavam o “descarte” como a salvação daqueles que iriam sofrer muito por serem deficientes. O “descarte” era um mecanismo de “salvação”.

                Esses absurdos históricos levaram a sociedade a separar os deficientes, colocando-os em um mundo próprio, isolado!

                Somente recentemente foi lançada a discussão sobre educação inclusiva, capaz de agrupar as diferenças sociais em um mesmo mundo, promovendo nas crianças a verdadeira sensação do que é conviver com pessoas diferentes.

                Nós não aprendemos a lidar com as diferenças, no máximo fomos educados a aceitá-las!

                Essas crianças, que são parte da educação inclusiva, sabem lidar com essas diferenças porque convivem com elas como algo normal, como efetivamente deve ser.

                Muito mais do que as matérias contidas no plano de ensino das escolas, a educação inclusiva é capaz de ensinar as crianças a lidar com as diferenças, não só aceitando.

                A pessoa com deficiência, esquecida durante muitos séculos, tem suas superações cotidianas para enfrentar um mundo não adaptado, mas dentre essas superações existe a maior das barreiras, que é a discriminação ou, simplesmente, a deficiência do outro!

 

Henrique Casseb, advogado, sócio do escritório Casseb e Casseb Advogados, e professor universitário (henrique@cassebecasseb.adv.br)

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