No
Brasil existem cerca de 45,6 milhões de pessoas com deficiência, ou seja, 23%
da população. São deficiências das mais
variadas que afloram a discussão acerca de temas como acessibilidade, políticas
públicas específicas, educação inclusiva, dentre outros.
Diante
das dificuldades naturais enfrentadas no dia-a-dia, como viver em um mundo que
não foi feito para o deficiente, surgem os olhares desconfiados capazes de
produzir a desesperança.
O
cadeirante, que tem toda a dificuldade de ir a um shopping de ônibus,
enfrentando a falta de rampas e o descaso de alguns motoristas, enfrenta ainda a
discriminação e a falta de oportunidade de uma sociedade padronizada.
O
cego que tenta atravessar a rua movimentada do centro da cidade sem receber uma
só oferta de ajuda das dezenas de pessoas ao seu redor. Falta-lhe apenas um
ombro para que possa se guiar por míseros dez metros de asfalto.
A
deficiência, aos olhos de quem não a tem, muitas vezes é vista como
incapacidade absoluta, dignas de dó, tornando as pessoas infelizes!
A
história mostra que as pessoas com deficiência eram “descartadas” ao nascerem,
não serviam para nada. Alguns que
carregavam um pouco de “humanidade” justificavam o “descarte” como a salvação
daqueles que iriam sofrer muito por serem deficientes. O “descarte” era um
mecanismo de “salvação”.
Esses
absurdos históricos levaram a sociedade a separar os deficientes, colocando-os em
um mundo próprio, isolado!
Somente
recentemente foi lançada a discussão sobre educação inclusiva, capaz de agrupar
as diferenças sociais em um mesmo mundo, promovendo nas crianças a verdadeira
sensação do que é conviver com pessoas diferentes.
Nós
não aprendemos a lidar com as diferenças, no máximo fomos educados a
aceitá-las!
Essas
crianças, que são parte da educação inclusiva, sabem lidar com essas diferenças
porque convivem com elas como algo normal, como efetivamente deve ser.
Muito
mais do que as matérias contidas no plano de ensino das escolas, a educação
inclusiva é capaz de ensinar as crianças a lidar com as diferenças, não só
aceitando.
A
pessoa com deficiência, esquecida durante muitos séculos, tem suas superações cotidianas
para enfrentar um mundo não adaptado, mas dentre essas superações existe a maior
das barreiras, que é a discriminação ou, simplesmente, a deficiência do outro!
Henrique Casseb, advogado, sócio
do escritório Casseb e Casseb Advogados, e professor universitário
(henrique@cassebecasseb.adv.br)
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