Ao
que tudo indica teremos “mais do mesmo” na esmagadora maioria deles.
Câmaras
municipais inoperantes, cujos membros eleitos sequer sabem as competências
municipais para legislar e que, no mais das vezes, eximem-se de fiscalizar os
prefeitos em troca de indicações para cargos comissionados na vastidão de
apadrinhados que se cria para acolher “cabos eleitorais de luxo”.
A
eleição mais parece uma gincana de colégio, na qual candidatos e seus cabos
eleitorais tentam cumprir as tarefas básicas para uma votação expressiva capaz
de levá-los ao Legislativo.
Contratam-se
pessoas para trabalhar no dia da eleição. São pessoas que vendem seu voto em
troca de uma quantia para “trabalhar” no dia da eleição. É a legalização da
compra de votos. Isso quando tal contratação é declarada, pois quando não é,
continuamos diante da compra de voto sem qualquer tentativa de “legalização”.
O
eleitor que é “contratado” arruma mais uns dois ou três votos e, no dia da
eleição, finge que trabalha para determinado candidato, que finge que contratou
o eleitor, mas na verdade ambos sabem que houve compra de voto.
Se
contratar quinhentos cabos eleitorais a um custo de R$.50,00 cada, o candidato
gastará R$.25.000,00 e terá praticamente garantido mil votos. Às vezes até mais!
A
gincana continua com práticas no mínimo vexatórias para quem busca um cargo tão
importante.
A
prova da gincana agora é para colar adesivos em carros, pregar plaquinhas em
casas e encher a cidade com cavaletes para divulgar a imagem do candidato.
Essa
prova é a mais parecida com aquelas da escola de “quem arruma mais jornal” ou “quem
arruma mais latinha” e a “equipe” vencedora é aquela que consegue divulgar o
número do candidato em mais carros possíveis.
Para
isso vale tudo! Tem candidato que paga um tanque por semana pra quem rodar com
seu nome no carro. Outros vão além,
pagam R$.500,00 por semana. A mesma
coisa acontece com as placas nas casas. Famílias recebem dinheiro por semana
para deixarem registrado em seu portão a foto e o número do candidato.
Essa
gincana invade nossas casas e carros através do rádio e da televisão e nos “obriga”
a assistir candidatos que atestam sua ignorância publicamente ao prometerem
segurança, postos de saúde, asfalto ou outras tantas promessas que não fazem
parte do exercício da função do edil.
Essas
“declarações imbecis” fazem parte da confusão mental que se estabeleceu entre
Executivo e Legislativo e que levam o eleitor a acreditar que o bom vereador é
aquele que, junto com o prefeito, leva asfalto ou inaugura um posto de saúde no
bairro.
O
Poder Legislativo municipal não existe, é falácia de um sistema corrupto de
submissão ao Executivo, fruto de um “beija-mão” do prefeito que contribui para
a tal da “governabilidade”.
Enquanto
isso não há, durante quatro anos de mandato, uma só reunião das comissões temáticas
da Câmara, ou seja, as comissões, que são o motor de produção legislativa, não
funcionam. Sequer o vereador sabe a quais pertence ou até mesmo preside.
Os
assuntos tratados na Câmara são comandados pelo interesse do Executivo. Por
exemplo: se o prefeito resolve mudar a rodoviária de local, aí a Câmara surge
como o Poder do povo, que dá a palavra final e que demonstra ao Executivo o que
fazer! Tarde demais, essa Câmara já está
amarrada aos cargos indicados pelos vereadores, que sustentam os soldados da
próxima gincana pelo poder. Neste caso então, seja feita a vontade do todo
poderoso prefeito!
Mas
afinal, quem chega a Câmara é capaz de mudar alguma coisa?
Tentar
mudar é o começo da criação de identificação do Legislativo com suas funções,
mas também corresponde ao “suicídio eleitoral”. Ser vereador e exercer sua
função é atestar a morte eleitoral dentro de um sistema que acolhe somente os “vendidos”,
usuários de uma droga chamada “ignorância política”.
E
os vereadores de oposição? Esses são
eleitos como minoria e assim ficarão durante quatro anos, correndo o risco de
só gritarem e não serem ouvidos. Pelo menos exercem um pouco da função que lhes
cabe, já que o restante depende da maioria que está até as tampas com o
prefeito!
E
o eleitor? Como se vê da “gincana
eleitoral” acaba sendo tão corrupto quanto os candidatos. Assume compromissos com vários candidatos, na
onda do “quem dá mais”. Não é digno do poder de voto que lhe concedeu a
democracia.
Desculpem,
mas falo da maioria, não de todos é claro!
Maioria
que sequer sabe a função do vereador e neste caso é vítima da “ignorância
política” criada pelo sistema para a manutenção dos mesmos.
O
eleitor é capaz de encher o tanque de seu carro com dinheiro de um candidato,
participar do churrasco do outro, adesivar o carro com outro e colocar placa de
outro em sua residência e ainda votar no candidato que encheu o chão com “santinhos”
no dia da eleição.
A
gincana eleitoral não tem regras a serem respeitadas, pelo contrário, são as
regras que devem ser desrespeitadas, pois quem as respeita perde votos.
A
solução?
Sinto
desanimá-los, é a educação! Mais
precisamente a educação política, que ensina a todos as regras de
cidadania. Que ensina o funcionamento
dos poderes. Que ensina como cobrar, como votar.
O
desânimo fica por conta da já sabida falta de interesse do Poder Público em
criar uma educação política, pois ciente de que estaria criando pessoas para
combater o sistema.
Bom,
acho que é isso! Inexiste Câmara,
inexistem comissões temáticas, inexiste fiscalização do Poder Executivo, mas
existe a “gincana” que assim como as Olimpíadas são realizadas de quatro em
quatro anos em cada esfera de Poder e que é capaz de iludir alguns com rostos
novos, mas que já estão de longe comprometidos com o mesmo sistema.
Meu
carro carrega o adesivo de meu candidato e por ele não recebi nada e nunca
receberia, pois sei que ele é digno de receber meu voto, mas minha luta é muito
maior, é a de levar aos jovens de todas as classes sociais, por meio de
palestras, artigos e conversas, aquilo que o Poder Público nega: a educação
política.
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