Viraram febre na televisão os chamados Realities, programas que possuem o objetivo de mostrar ao telespectador pessoas em situações reais para que seus comportamentos sejam analisados.
O exemplo mais conhecido é o BBB, adotado há onze anos pela Rede Globo e que sustenta um índice de audiência considerável, apesar da constante redução anual.
Outros tantos foram sendo criados. A maioria adota a ideia da Endemol, empresa holandesa que monopoliza o mercado de reallities.
As variações criadas vão desde o "aquário humano" do BBB, passando pela fazenda da Record, pela Casa dos Artistas do SBT, dentre outros que são restritos a canais adultos.
Mas essa moda, que vende ao público a ideia da "bisbilhotagem" da vida alheia, chegou a um ponto complicado.
A Rede Bandeirantes, curvando-se ao modismo, adotou o programa "Mulheres Ricas" que trouxe um grupo de "milionárias" para mostrar ao público a vida que levam nesse nosso rico Brasil.
O formato Endemol segue o padrão, ou seja, mostrar o dia-a-dia desse grupo de mulheres que esbanjam dinheiro com futilidades e muito champagne.
O que chama a atenção é que o programa repete algumas cenas de novelas globais que até então pareciam figurar somente na ficção, como por exemplo, uma das participantes que tem um cabelereiro e maqueador full time, assim como a personagem de Cristiane Torloni na novela das 20h (que começa as 21h).
Do pouco que assisti, com a notória pretensão de escrever sobre o roteiro do programa, pude ver mulheres que compram roupas caras sem nem saber se vão usar, que pedem comida nos melhores restaurantes de São Paulo, só para atender uma visita inesperada, desfilam de iate com champagne em plena manhã de trabalho, enfim, parei por aí! O que vi já dá pra escrever criticamente.
O reallity show da Band mostra uma realidade de poucas mulheres. Aquelas que seguiram os conselhos das avós para casarem com homens ricos e serem "felizes".
Fato que essa realidade é irreal. Essas mulheres não vivem e nem passam perto de viver a realidade de milhões de brasileiros. E vejam, não me refiro a pobres ou ricos, mas a milhões de brasileiros que trabalham.
Quem sou eu para criticar as pessoas que irão assistir. Sou pela teoria de que se a TV está ruim, desligue a TV ou mude de canal e, na melhor das hipóteses, coloque um DVD de uma banda bem legal e curta.
Criticar a Band também é besteira. Um canal aberto de televisão vive da venda de seus comerciais e o programa é um produto novo que se pretende vender.
A crítica fica por conta das personagens. Em um país pelo qual milhões de pessoas vivem na linha da pobreza, ou melhor, da miséria, onde o salário mínimo não atende seus preceitos constitucionais e passa longe de proporcionar o mínimo para o qual foi criado, o que elas pretendem?
Dinheiro? Mais ainda...
Penso que não, a não ser uma das personagens cuja riqueza é contestável, as demais nadam em dinheiro e fazem questão disso.
Pois bem, se não é dinheiro, é o que?
Se o objetivo é causar inveja em outras milionárias o tiro saiu pela culatra, pois o programa só causa indignação em pobres e ricos.
Está sendo difícil encontrar o tal objetivo de cada participante!
Mostrar sua condição financeira em um país cuja violência é corrente é, no mínimo, ridículo. Esbanjar seu próprio dinheiro é um direito de qualquer cidadão, as vezes eu mesmo faço isso com o pouco que tenho, mas em rede nacional no horário nobre é algo irreal.
Se pelo menos estivessem disputando um prêmio a ser destinado a uma instituição de caridade, vá lá. Porque essas mulheres acreditam que ajudar significa doar dinheiro a instituição de caridade. É o caminho para o céu!
A exposição de seus hábitos, seus carros, suas casas, enfim, da riqueza que ostentam foge da realidade, torna irreal o reality show e ainda contraria a orientação de especialistas em segurança.
Espero que tudo termine bem, aliás, que termine logo e bem!
9 comentários:
Ontem, desavisadamente tentando assistir CQC me deparei com esse programa, pelo fato de ñ acreditar nas barbaridades que escutei continuei assistindo para ver do que se tratava. Confesso que tentei encontrar um objetivo para tal programa, mas ñ consegui. Nem por parte da emissora nem por parte das participantes. O fato é que ele existe e esta sendo veiculado na TV aberta como se fosse a coisa mais natural do mundo, transmitindo as opiniões de dondocas cheias de preconceitos, inclusive entre si mesmas. O problema ñ é somente que estas cinco mulheres fiquem tecendo suas opiniões sobre si mesmas e sobre o mundo (seus mundinhos). O problema é que finalmente este país percebeu que para ser um grande país precisa trabalhar por isso, e desde então a maioria dos brasileiros estamos fazendo isso, trabalhando diariamente para que a nossa economia seja forte, para que sejamos respeitados internacionalmente, para que tenhamos mais justiça e igualdade social. Assim entendo esse programa como uma afronta a esses milhões de batalhadores e batalhadoras que depois de um duro dia de trabalho chegam a suas casas e encontram na televisão essa exaltação a futilidade, como se nós mulheres nos resumíssemos nisso ou quiséssemos ser isso.
Sinceramente é um programa de péssima qualidade e objetivos. Afinal, qual é o objetivo mesmo?
Não há dúvida de que a televisão tem uma grande influência em nossas vidas. Seria muito mais legal e inteligente mostrar a vida de mulheres ricas que lutam contra a pobreza, que lutam contra a crueldade com os animais, contra a corrupção...enfim que realmente fazem do dinheiro e "status" de socialite o bem sem olhar a quem. Ou apresentar no lugar desse programa ridículo e sem finalidade alguma, algo que fizesse com que os expectadores brasileiros se orgulhassem.
Precisamos urgentemente de programas com novas idéias, que concientizam as pessoas para o bem.
Se cada um fizer a sua parte, mesmo que pequena, para ajudar o mundo a melhorar já está valhendo a pena!
Chega de tanta crueldade contra os animais e nada se faz, chega de pessoas ricas que nada faz!
Henrique parabéns pela publicação! Vamos torcer para que isso mude logo!
Lise V S Morgon.
Penso que as emissoras de TV poderiam tentar conciliar obtenção de lucros com função social. Os programas deveriam ser mais instrutivos, educativos, informativos, ou seja, uma mídia menos inútil. Creio que mesmo assim o objetivo capitalista de lucro pode conviver harmonicamemte com programas decentes, talvez até mais. O Brasil está cansado de realitys.
Pois é Dr. concordo plenamente com você, porem a televisão brasileira hoje em canal aberto esta se tornando cada vez mais banal, percebe-se que toda a programação de todas as emissoras existem somente programas ofensivos, novelas que ensinam os filhos de hoje a se drogarem e que a homossexualidade é legal e é moda, nada contra os homossexuais, mais porque não entao mostrar o quanto é legal na novela ter uma familia, respeita-la, trabalhar honestamente, não ser infiel entre outras boas ações? Até nossos programas de humor são ofendendo artistas, pessoas normais na rua entre outros.... Nesta hora cade a censura? Infelizmente vivemos num Brasil onde quem tem mais pode mais.... estamos juntos nessa, e com muita saudade do meu desenho do Pica Pau.....
O programa é uma afronta às mulheres que sem estudo, sustentam suas familias, sem tempo para ver os filhos, muitas vezes; um desalento ás mulheres que podem estudar e trabalham. Aliás, o programa é a negativa do reality das mulheres brasileiras. Mostrem-nos as marias e Joanas, que honradamente e merçe de muito esforço, conseguiram criar os filhos, sobreviver, enfim, as que ajudam o BRASIL. Rosana Chiavassa
Apesar de ser mesmo ridículo esse programa, talvez surja algo de bom dai.. Ultimamente a ostentação tem tomado boa parte da cultura, música e filmes, sendo inclusive normal nos EUA e Europa, por exemplo. Se as pessoas usarem essa indignação para conseguirem algo melhor para si mesmas, lutarem para ter também a vida que vêem na TV, as coisas podem melhorar bastante. A ostentação em rede nacional é esdrúxula, mas essa cultura de humildade e romantização da pobreza que dominou o Brasil não vai levar ninguém pra frente também
Meu caro e dileto amigo e colega, ninguém pode, neste país, dizer que não tem opção de diversão. Não assista a TV; ligue o rádio e ouça música. Ou vá visitar um parente, um amigo, um doente num hospital. Vá a Igreja ou a uma casa de oração de sua preferência (eu sou espírita). Brinque com os filhos, converse com a esposa, com o marido ou companheiro(a). Vá a escola terminar o que não terminou ou instruir-se de alguma forma. Ou, simplesmente, não faça nada! Dizer que não tem opção, por favor, é mentira! A programação televisiva, no geral, no mundo, não tem mais o que fazer para enriquecer os donos das emissoras. Então, porque ter um aparelho de tv em casa, hoje em dia? Desnecessário. Todos temos, a seu turno, a seu modo, pelo menos uma opção; é só escolher! Um grande abraço.
O que vejo que resulta disso é o ódio contumás que personalidades como essas, exibidas obcenamente, angariam de pessoas mais humildes que, provavelmente, trabalham ou trabalharão em suas casas e empresas. Gera-se um risco social e um acirramento de um coflito de classes já existente. E eu diria até uma insegurança jurídica para as ditas "instituições democráticas", que são minadas pelo afrouxamento moral que tal disseminação de massa propõe ao inconsciente coletivo. Bom, como poucos vão desligar a televisão ou farão outras coisas mais produtivas fica a pergunta: onde vamos parar com tanta mediocridade e deterioração?
Paz e saúde,
André Luiz Rodrigues
Parabéns Prof Henrique pelo artigo. Ainda não vi o programa, assisti algo semelhante na TV a cabo. Realmente é revoltante. Porém, analisando mais profundamente o quadro patológico em que se encontram tais pessoas, apenas consigo imaginar um objetivo para tamanha estupidez: VAIDADE. De que adiantaria tanta ostentação e luxúria se não pudessem compartilhar conosco, pobres mortais. Os excessos e ociosidade sempre levam o ser humano a condições lastimáveis da alma. Que Deus sempre nos mantenha trabalhando. Grande abraço a todos.
Postar um comentário