sábado, 6 de junho de 2015
CONFLITO FORÇADO DA LIBERDADE DE RELIGIÃO E O CHEIRO DO PRECONCEITO
Você usaria uma camiseta escrito "Sou Evangélico" sendo católico ou vice-versa?
Mas você respeitaria aquele que usasse tal camiseta por ter uma escolha religiosa diferente da sua?
Pois bem, a rede Boticário lançou uma campanha pela qual apresenta seus produtos com foco no dia dos namorados através de imagens de casais "convencionais" e gays.
A reação foi imediata nas redes sociais com a iniciativa de um boicote ao produtos da rede e muitas mensagens de críticas e, ao mesmo tempo, de apoio à campanha.
Mas porquê a rede lançou uma campanha dessa?
Simples, porque a relação homoafetiva, que sempre existiu na humanidade, mas que só ganhou espaço após uma incessante luta por direitos iguais, hoje é um grande público no dia dos namorados!
Lógico que o objetivo da rede é a venda, a comercialização de seus produtos.
Assim fizeram agências de viagens que viram um novo nicho de mercado. Assim fizeram várias empresas que estatisticamente enxergaram o crescimento de públicos como gays e idosos, por exemplo.
Mas onde reside a polêmica da publicidade?
Exatamente no que se refere à liberdade de manifestação de pensamento e de religião.
O cheiro do casal gay passou a ser O Boticário, como se somente gays possuíssem tal odor.
A polêmica chega ao cúmulo de propor um boicote em nome da família tradicional e taxa a empresa como demoníaca.
Não fossem campanhas como essas não seria possível identificar a intolerância do ser humano.
Primeiro aponto para o princípio constitucional da igualdade (artigo 5o. caput da Constituição Federal) para iniciar uma discussão acerca de direitos (alguns já conquistados) por casais homoafetivos, como o direito à pensão, herança e até a adoção de filhos, já consagrados na jurisprudência brasileira.
Depois é possível verificar a livre manifestação do pensamento, pelo qual a Constituição veda o anonimato a fim de punir eventual abuso através de ações de danos morais e até mesmo na esfera penal, como por exemplo, calúnia.
Mas e a liberdade de religião?
É justamente aqui que podemos identificar um conflito de direitos fundamentais o qual ouso chamar de "conflito forçado".
A expressão sugerida por mim se justifica porque a igreja (aqui em sentido amplo) mesmo que se manifeste contrária à relação homoafetiva e que possua dogmas nesse sentido, não poderia forçar uma situação de boicote comercial discriminatória.
O boicote proposto estimula o rancor entre pessoas que, simplesmente, optaram por viverem juntas fora do padrão aceito socialmente até alguns anos atrás.
A laicidade do Estado propõe o respeito a todas as religiões, admitindo inclusive a imunidade tributária em favor delas, independentemente dos princípios por estas adotados.
A escolha por uma religião é algo pessoal, feito através de uma crença em Deus e nos moldes da igreja.
O que incomoda é a crença com evidente enriquecimento de líderes religiosos às custas de fiéis seguidores, o cheiro forte e podre. A manipulação da ideias preconceituosas em nome da fé. Esse cheiro sim é intolerável aos olhos de Deus.
Ao contrário, o cheiro do perfume traduz nossa opção por algo muito pessoal que queremos transmitir no ar, para que as pessoas nos identifiquem e possam sentir, tudo aquilo que sentimos ao fazer as escolhas da vida!
Esses cheiros são a tradução dos propósitos de Deus através da flores com o aroma inconfundível da natureza! A verdadeira liberdade.
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