É chegado o carnaval 2012!
Hora de se ouvir: "bons tempos eram aqueles dos carnavais de antigamente".
Para os mais velhos vem aquela lembrança dos tempos dos carnavais de rua, o qual permitia fantasias, brincadeiras, confetes, serpentinas etc.
Época em que os jovens trocavam olhares, mostravam suas intenções perante a pessoa amada.
O carnaval daquela época (que não era a minha) era uma festa popular de rua que todos participavam. Pais, avós, filhos, enfim, não importava a raça, a cor, a religião (esta acabava importando sim, pois muitos não participavam por motivos religiosos).
Uma vez ouvi de um senhor de aproximadamente
setenta e oito anos que ele havia conhecido sua esposa no carnaval de rua, ao ritmo das marchinhas daquela época. O que num primeiro momento pareceu estranho, logo foi esclarecido!
Dizia esse senhor que durante o carnaval de rua viu a oportunidade de expressar seu sentimento à sua amada de tantos anos. Entre um batuque e outro pode dizer a ela o que guardava há anos e, mesmo assim, obteve uma resposta demorada, meses depois.
O carnaval foi crescendo e chegou aos bailes dos clubes.
Nessa época (minha mãe me conta) grupos de amigos se reuniam meses antes do carnaval para elaborar as fantasias dos blocos.
Havia concursos e todos queriam ver sua fantasia e seu bloco premiados.
Já não havia mais a inocência de tempos atrás, mas com certeza o carnaval ainda cultivava o espírito de festa (já não mais tão popular), de reunião de amigos e diversão!
O carnaval de rua passou a ser destinado às classes baixas das cidades. Os salões eram disputados pela elite da sociedade. Uma evidente separação social.
Aliás, não se pode chamar o carnaval dos sambódromos de hoje de carnaval de rua. Não só por se realizar em local fechado, mas, principalmente, porque se trata de um desfile de escolas sem a participação da população (exceto aquelas pessoas das comunidades, pertencentes à escola). A esta, cabe apenas assistir! Na rua mesmo só desfile.
Longe de mim a condenação do desfile, apenas digo que não se compara ao carnaval de rua de uma época a qual todos desfilavam, sem escola, apenas munidos de alegria e, algumas vezes, de fantasia.
Com o tempo o carnaval foi patrocinado por grandes empresas de bebidas, refrigerantes, cigarro etc e sua conotação foi se alterando.
Prova disso é o crescimento do carnaval de rua (sambódromo) de São Paulo, dos trios elétricos da Bahia, do próprio carnaval carioca! Todos televisionados, com grandes estruturas, preços absurdos e muitas, mas muitas propagandas de grandes empresas.
O fato é que hoje os salões dos clubes estão esvaziados. Para atrair "foliões" faz-se de tudo, inclusive tocar músicas eletrônicas e até sertanejas.
Aqui não reside um simples saudosismo, nem mesmo vivi a época áurea do carnaval como festa popular, mas é de fato uma constatação.
As famílias preferem as viagens ou as reuniões em chácaras a participarem de uma festa que é prima distante do carnaval.
As fantasias foram substituídas por abadás. As marchinhas por Axé e música eletrônica. As paixões por beijos distribuídos aos montes e aleatoriamente. A festa mais popular do Brasil passou a ser apenas mais um de tantos outros carnavais fora de época!
Nenhum comentário:
Postar um comentário