Um dia inesquecível na minha vida foi quando tirei uma nota baixa em matemática e tinha que contar para meus pais.
Não era nada assim tão grave. Um cinco e meio, mas que manchava meu boletim com caneta vermelha (naquela época a nota vinha da cor da caneta utilizada. Hoje é tudo no computador).
Lembro-me que do momento que recebi a notícia da nota, daí em diante meu coração palpitava forte e rápido. Temia pela reação da minha mãe e, consequentemente, do meu pai.
Quando entrei no carro para ir pra casa e vi o sorriso da minha mãe fiquei pensando em como contar aquela "tragédia".
Mas era inevitável! Ela tinha que assinar o boletim.
Ensaiei, ensaiei...e fui!
Levei uma das maiores broncas da minha vida. Pior: vi minha mãe chateada e decepcionada com o meu desempenho.
Fiquei angustiado por muito tempo e jurei que iria melhorar.
O resultado foi uma melhora na nota e um orgulho de apresentar um boletim todo azul com observações de professores sobre meu bom desempenho. Ufa!
Mas o que me levou a contar essa história foi o fato de que as coisas mudaram muito de uns tempos pra cá.
Hoje sou professor e me deparo com uma inversão de valores que em nada contribui para a educação dos filhos.
Os pais, que não arrumam tempo para educar seus filhos, acabam deixando-os soltos e compram seus filhos com presentes e realização de desejos.
Aquela figura da mãe que faz tarefa com o filho, acabou! (não generalizando, mas é rara essa figura)
Os pais não conhecem mais as limitações de seus filhos, poque sequer sabem o que pensam e fazem.
Fazer tarefa com o filho não era uma forma de ensiná-lo, mas sim de entendendê-lo. De verificar suas dificuldades para ajudá-lo.
Mas hoje não há tempo pra isso! Os pais tem que trabalhar! Ficam fora o dia todo...
Em um mundo onde se sai de casa com a família para comer comida caseira né! Onde tudo é rápido e fácil. Tudo está no Google.
E os filhos fazem tudo como querem!
Hoje, como professor, vejo pais tirarem satisfação com o professor sobre a nota do filho. Energicamente defendem o filho e apontam o professor como culpado pela nota baixa.
Mas quem está educando o aluno? O professor que lhe mostra as limitações e aponta a necessidade de melhorar ou a mãe, que mostra para o filho que o erro está no professor que, segundo ela, é muito exigente?
Os pais precisam conhecer melhor seus filhos e prepará-los para o mundo!
Sem isso nossos jovem se tornarão pessoas frustradas que não saberão superar os obstáculos naturais que surgirão. Isso é fato!
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Obs. preciso me redimir da crítica que fiz na postagem anterior à música do Leonardo, isto porque a música não fala "vem me falar pra mim" mas sim "baby, fala pra mim". Desculpe Léo! hehehe As demais críticas permanecem.
8 comentários:
Pois é professor... Incrível e triste realidade! Vamos começar uma revolução??! rs
Gosto muito de seu Blog professor Casseb. Além de mais humano me passa uma confiança maior e vontade de ser como você "quando eu crescer"... Espero conseguir, me esforçar mais e alcançar! Obrigada por todos esses ensinamentos! Boas Festas.
Henrique, vc tem toda razao.....os pais estao deixando a educacao de seus filhos p terceiros(professores, avos, babas....).
Talvez assim justifiquem a falta de responsabilidade q tem sobre seus filhos, mtas vezes apoiando e acobertando erros e abusos cometidos.....
onde estao os valores morais desta historia???
Q bom q seu filho tem um bom pai q vai educa-lo corretamente.....Parabens!!!!!!
Parabéns Profº Pelo Blog, concordo plenamente como senhor e quando Deus me der o privilegio de ser mãe quero ser uma mãe "rara" ...
Feliz Natal e um Prospero ano Novo.
Oi Prof. Henrique, li seus comentários sobre familia e educação na contemporaneidade. Muito pertinente e bem escrito! Meus pais estudaram até 4a série. Mas sempre estiveram ao meu lado, me apoiando. Só por isso consegui estudar, vinda de família humilde, e sendo a filha mais velha de 4.
Tenho orgulho deles! E de você, nosso palestrante e professor!
Um forte abraço da Profa Niminon
É Prof. Casseb infelizmente os pais devido a correria do dia a dia e da falta de tempo (mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho), acabam deixando em segundo plano a educação dos filhos (acham que é dever do prof. educar filhos nas escolas, creches, faculdades, mas esquecem que educação dos filhos vem de berço), o que por hora, só são lembrados pelos pais ao cometerem algum erro, aí pode ser tarde de mais. E a tendência é piorar ainda mais caso seja aprovada a Lei que proibe pais de educarem seus filhos com algumas palmadinhas.
Prof. Dr. Casseb, será isso um dos preços que pagamos pelo progresso? Talvez os valores da familia hodierna é a do mundo capitalista, qual seja, a de consumir os melhores e a maior quantidade de produtos, assim, provando que esta familia tem uma boa indole, diferente do conservadorismo de antigamente na qual as familias se preocupavam com as palavras usadas no dia a dia. Porém, se os pais estão delegando está linda tarefa de educar e dar brio aos seus filhos vejo que fizeram para as pessoas certas, mas esquecidas, os professores do nosso Brasil. Obrigado por trazer a lume os valores que devem ser aplicados à todos e por todos. Feliz Natal antecipado e um prospero ano novo.
Me lembro bem da minha primeira nota baixa, sempre fui uma aluna excelente e muito elogiada pelos professores,eu era o exemplo da viva inteligência na sala de aula, e um dia ela veio, foi inevitável, tirei uma nota baixa em língua portuguesa, fiquei de recuperação, foi o fim para mim, chorei a noite toda e no dia seguinte me senti um lixo ao entrar na sala de aula, sentia como se todos me olhassem com ar de decepção.
mais adiante, tive outras notas ruins, o primeiro ano do ensino médio foi o pior para mim, noa conseguia me adaptar aquele ritmo e sequer entender algo que era explicado em certas matérias, e vieram as notas ruins em matemática, matéria da qual nunca fui muito boa, fiquei decepcionada comigo mesma, mas nunca cheguei a uma recuperação da mesma, mas creio que o pior tenha sido em física e geografia, principalmente esta da qual eu gabaritava tudo, fiz um péssimo teste, tirei uma nota baixíssima, e ouvi as duras palavras da minha professora de geografia que se dizia decepcionada comigo, que eu seria a sua substituta caso essa nota não tivesse existido, em seguida meu professor de física me pôs em uma recuperação por não fazer (lê-se saber da existência do mesmo) um resumo, apenas eu e mais 2 colegas ficamos nessa recuperação, me senti humilhada e terrivelmente decepcionada comigo mesma. Hoje superei tudo isso, mas creio que cada uma dessas decepções me fizeram mais forte e, também me fizeram ver que não podemos ser sempre excelentes em tudo e que um dia falharemos, o que importa é nunca desistir.
Só para constar eu ainda estou no ensino médio mas agora curso o final de primeiro ano e vou rumo ao segundo, onde serei bem melhor, espero.
Acho ainda que o ideal é o apoio da família, nesses períodos que relatei eu fui muito apoiada por minha irmã que me ajudou e disse que esse não seria o fim do mundo, e que o único jeito de provar que eu era capaz, era sendo capaz.Isso me ajudou muito e agora, eu consigo aceitar melhor um a nota baixa, caso ela venha, mas ainda assim se eu puder evitá-la, eu evito.
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